Numa noite de vinte de agosto, o
mês que dizem homenagear o grande imperador César Augusto; a lua é que estava
de fato com o ar imperial. Porque todos eram submetidos ao seu brilho
descomunal. Tão poderoso que intimidava às estrelas. Grande, iluminada, brilhando
com força. O pequeno largo que cortava o parque de tanta admiração não podia
conter em sua estreita alma tanta beleza, acabava brilhando junto, refletindo a
tal modo a aparência daquela poderosa senhora celeste que o encanto na sua
superfície não era em nada perdedor ao do próprio céu. Quem dera pudéssemos
olhar ambos ao mesmo tempo, quem dera não ter de escolher, por causa da
limitação deste corpo, para quem olhar primeiro e para quem olhar agora.
E eles, o nosso casal, estava
sentado, veja leitor, ali, debaixo do ipê-amarelo que esta todo florido
sentados em um banco do parque. Sobre as brisas que distorciam a imagem da lua
no lago, e que os refrescava, completavam sua terceira semana de namoro. Um
olhava com profundidade o olhar do outro: um olhar era lago e outro era lua,
vice e versa. De forma que, era tão belo vê-lo no olhar dela, quanto ela no
olhar dele. Tão ardente estava este eu-tu, tão vidrado, pedia logo pela fusão.
Não queriam mais estas duas criaturas serem duas, mas uma. Era profunda,
romântica, erótica e sincera atração.
Abraçados estavam, contudo, tiveram
de se "desabraçar", uma separação de poucos minutos foi naquele clima
um aparente sacrilégio. Todavia, era paradoxalmente um "soltar" que
os ligaria. Glauco se levantou, enfiou a mão no bouço, e ajoelhou-se. A brisa,
naquele momento, balançou os seus cabelos castanhos que estavam sobre o tal
corte cogumelo. Priscila, por sua vez, não ficou constrangida: ela assistia
cinema também e sabia o que se sucederia. Não ficou constrangida, não olhou
para os lados. Ouvir tais palavras, tão óbvias, era tudo o que queria mesmo.
Não importa quantos curiosos tenham dirigido seu olhar para eles, naquele
momento não havia mais ninguém no mundo senão eles dois. Os olhos castanhos
dele se encontraram com o olhar azulado dela. Ambos os cabelos, o dele, e o
loiro dela, agora eram soprados na mesma direção: pela brisa e pelo destino.
"Quer se casar comigo?" Pediu Glauco. E sem pensar direito, sem
querer imaginar que três semanas de namoro era pouco ou muito, sem querer saber
o que seus pais iriam achar, só veio uma resposta possível: "Sim". A
famosa cena, Glauco colocou no dedo dela a aliança de ouro branco que combinava
com a lua, e combinava com a glória do resplendor e combinava com o clima: era
o momento perfeito para aquele anuncio. Céu, lua, lago, o ipê e um noivado,
tanta coisa numa só noite.
A partir de agora temos uma virada
na existência destes dois, antes solteiros e agora sendo conduzidos para um matrimônio.
Antes, contudo, de continuarmos a história, é mister conhecermos melhor os
nossos dois personagens principais. Todavia, como dizem que a primeira
impressão é que fica, eu me retiro por hoje, caro leitor, e peço paciência para
que eu arranje as melhores palavras para descrevê-los. Prometo que amanhã lhe
direi um pouco da história de um dos dois ou de ambos, depende de em que
velocidade se desempenhar minha criatividade. Até mais.
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