(clique no livro para encontrar aonde comprá-lo)
Aqui estou com uma
resenha do livro de um dos professores da faculdade, já que tive de
fazer para a disciplina de bioética resolvi então compartilhar com você, leitor. Eu até ia colocar uma biografia
dele aqui, mas como alguns têm reclamado da extensão dos textos, optei por deixar aqui o endereço da Wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Euler_Renato_Westphal
ai
então vocês poderão ler um pouco sobre ele. E também no site da FLT: http://flt.edu.br/ na opção FLT/Docentes.
Tratemos agora então da resenha do livro:
WESTPHAL,
Euler Renato. O Oitavo Dia: Na era
da seleção artificial. São Bento do Sul – SC: União Cristã, 2004.
Em
seu livro, Euler nos apresenta a pós-modernidade como sendo fruto de uma
proposta advinda da Arte e da Arquitetura. Em 1919, a escola Bauhaus é iniciada
e traz uma proposta de interligação entre “função e belo”. Buscava-se assim a
unificação entre a arte e a indústria. A partir disto, também acontece uma
ruptura com a modernidade. A pirotecnia vai dar lugar a engenharia genética.
Mas
então, para tratar melhor a questão, desenvolve-se no livro nove tópicos: O
primeiro é o “A Guerra aos Universais”
onde é apresentada a questão da ruptura com os universais válidos. Ou seja, com
os absolutos (Estado, Igreja e Família) da Modernidade. Estes passam a ser
relativizados, todas as culturas – cosmovisões – a ser legitimas em si mesmas.
O certo e o errado, justo e injusto, dão lugar à performatividade e a
funcionalidade, à eficiência e à lucratividade.
Então,
nas unidades “As Utopias Eugêmicas da
Pós- Modernidade” e na “A
Experimentação em Seres Humanos”, apresenta-se como os preceitos
pós-modernos tornam-se veementes no comportamento do homem contemporâneo
através da promessa da eugenia, da libertação da morte e da doença. Estas
melhoras também são promessas para os demais organismos (animais, bactérias),
transcendendo então às ontologias e reinos (ser humano, rato, vegetal, animal).
E tudo isto com vistas ao lucro, ao desempenho - performance.
Isto
traz um fenômeno novo, “O Patenteamento
de Seres Vivos”, que é o tema desta unidade. A partir de então, passa-se a
ter direitos sobre as inovações no campo genético. Passa-se a possuir então
plantas, animais, bactérias e as inovações que concernem ao próprio ser humano.
Isto gera então um efeito devastador sobre a economia. Uma minora consegue
patentes o suficiente para marginalizar e empobrecer à maioria. Tudo isto tem
haver então com a “Lógica do Liberalismo
Econômico e do Patenteamento”. Esta é, conforme nos conduz o professor
Euler, a lógica que privatiza e explora comercialmente a natureza. Apresenta-se
então uma crítica a este sistema a partir de John Wesley: Um defensor da
propriedade privada como sendo bem comum.
Esta
lógica acaba levando então a uma nova tese do autor: “O Escravagismo Pós-Moderno.” Onde o ser humano passa a ser
escravizado em partes, através de seu genoma.
Diante de tal
cenário, os dois últimos títulos vêm a ser um posicionamento e apresentação de
um caminho. Primeiro, em “O Princípio da
Responsabilidade”, coloca-se
numa balança prós e contras.
Concluindo que o diálogo interdisciplinar é mérito pós-moderno, uma vez que é
ele que valoriza outros pontos de perspectiva, a pluralidade. E então, em “A Técnica e a Bioética” o autor
conclui que exatamente nisto reside o papel da Bioética, em gerar o diálogo
interdisciplinar para que não haja então o predomínio de um único ponto de
perspectiva da realidade.
·
Na minha opinião:
Durante
o livro, coloca-se que a Pós-Modernidade não supera em tudo à Modernidade,
chega mesmo a ser um aprofundamento desta. Mas, em minha opinião, ela apenas
traz o diferencial do interdisciplinar, todavia, não parece ser tão bem
sucedida assim na tentativa de romper com os universais. Afinal, aperfeiçoar
algo (como ela pretende fazer através de suas bricolagens) é algo que só se pode fazer tendo em mente um
perfeito. Um perfeito que não é, todavia, real, senão ideal. Porque, então não
haveria necessidade de aplicar isto a objetos, ou seja, trazer da mente – da
ideia – para o real – histórico –. Que não deixa de ser uma maneira de então
procurar se libertar das imperfeições da matéria, ou seja, é um desprezo a ela
e uma valorização do ideal. Esta dicotomização doentia pode chegar às
catástrofes similares as da Idade Média, ali por causa do desprezo ao corpo
colocava-se um sinto de castidade em mulheres e criados. Condenavam-se à prisão
mulheres orgásticas, e também homens que fossem “fãs” de sexo. Aqui, no nosso
tempo, pode ser que nos suceda que por causa do desprezo ao nosso corpo
escravizemos outros, lhes façamos anátema na sociedade para que se tornem então
meramente cobaias para os nossos sonhos de não mais sofrer ou morrer. Nesta
perspectiva, muito pode contribuir a visão cristã da Criação que nos ensina o
quanto a Criação de Deus é boa (Gn. 1, 31), e como que nela se manifesta a
glória divina (Sl. 19; Rm. 1, 20): Se ele nos confia os seus cuidados é sim
para que possamos usufruir ao nosso proveito. Visando sempre, no entanto o bem
do próximo e o amor a Deus. Ou seja, devemos preservar também a Criação, já que
sua destruição é destruição do presente de Deus e prejuízo também para o nosso
próximo e nós mesmos que pertencemos à ordem da criação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário