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Livros que eu Curti

Ciente de que criar esta página é uma coisa arriscada, porque ficará claro para o leitor o quão pouco eu li em toda a minha vida, e contudo, saiba ele, uma vez que já não estou na escola finalmente estou criando gosto por ler. Quando agente tem espaço pra aprender é sempre mais fácil (perdoe-me se você for um professor realmente dedicado ao seu ofício). Mas, de qualquer forma, aqui neste espaço eu pretendo postar resenhas de livros que eu gosto. Isto mesmo, resenhas, portanto vai demorar entre a postagem de uma e outra, então não fique me alugando: posto quando eu tiver tempo! Mas prometo que me esforçarei para postar o máximo possível, embora minha prioridade número um seja por enquanto as ficções na página principal. Um abraço.





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Aqui estou com uma resenha do livro de um dos professores da faculdade, já que tive de fazer para a disciplina de bioética resolvi então compartilhar com você, leitor.  Eu até ia colocar uma biografia dele aqui, mas como alguns têm reclamado da extensão dos textos, optei por  deixar aqui o  endereço da Wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Euler_Renato_Westphal ai então vocês poderão ler um pouco sobre ele. E também no site da FLT: http://flt.edu.br/ na opção FLT/Docentes. Tratemos agora então da resenha do livro:

WESTPHAL, Euler Renato. O Oitavo Dia: Na era da seleção artificial. São Bento do Sul – SC: União Cristã, 2004.

            Em seu livro, Euler nos apresenta a pós-modernidade como sendo fruto de uma proposta advinda da Arte e da Arquitetura. Em 1919, a escola Bauhaus é iniciada e traz uma proposta de interligação entre “função e belo”. Buscava-se assim a unificação entre a arte e a indústria. A partir disto, também acontece uma ruptura com a modernidade. A pirotecnia vai dar lugar a engenharia genética.
            Mas então, para tratar melhor a questão, desenvolve-se no livro nove tópicos: O primeiro é o “A Guerra aos Universais” onde é apresentada a questão da ruptura com os universais válidos. Ou seja, com os absolutos (Estado, Igreja e Família) da Modernidade. Estes passam a ser relativizados, todas as culturas – cosmovisões – a ser legitimas em si mesmas. O certo e o errado, justo e injusto, dão lugar à performatividade e a funcionalidade, à eficiência e à lucratividade.
            Então, nas unidades “As Utopias Eugêmicas da Pós- Modernidade” e na “A Experimentação em Seres Humanos”, apresenta-se como os preceitos pós-modernos tornam-se veementes no comportamento do homem contemporâneo através da promessa da eugenia, da libertação da morte e da doença. Estas melhoras também são promessas para os demais organismos (animais, bactérias), transcendendo então às ontologias e reinos (ser humano, rato, vegetal, animal). E tudo isto com vistas ao lucro, ao desempenho - performance.
            Isto traz um fenômeno novo, “O Patenteamento de Seres Vivos”, que é o tema desta unidade. A partir de então, passa-se a ter direitos sobre as inovações no campo genético. Passa-se a possuir então plantas, animais, bactérias e as inovações que concernem ao próprio ser humano. Isto gera então um efeito devastador sobre a economia. Uma minora consegue patentes o suficiente para marginalizar e empobrecer à maioria. Tudo isto tem haver então com a “Lógica do Liberalismo Econômico e do Patenteamento”. Esta é, conforme nos conduz o professor Euler, a lógica que privatiza e explora comercialmente a natureza. Apresenta-se então uma crítica a este sistema a partir de John Wesley: Um defensor da propriedade privada como sendo bem comum.
            Esta lógica acaba levando então a uma nova tese do autor: “O Escravagismo Pós-Moderno.” Onde o ser humano passa a ser escravizado em partes, através de seu genoma.
            Diante de tal cenário, os dois últimos títulos vêm a ser um posicionamento e apresentação de um caminho. Primeiro, em “O Princípio da Responsabilidade”, coloca-se numa balança prós e contras. Concluindo que o diálogo interdisciplinar é mérito pós-moderno, uma vez que é ele que valoriza outros pontos de perspectiva, a pluralidade. E então, em “A Técnica e a Bioética” o autor conclui que exatamente nisto reside o papel da Bioética, em gerar o diálogo interdisciplinar para que não haja então o predomínio de um único ponto de perspectiva da realidade.

·        Na minha opinião:

            Durante o livro, coloca-se que a Pós-Modernidade não supera em tudo à Modernidade, chega mesmo a ser um aprofundamento desta. Mas, em minha opinião, ela apenas traz o diferencial do interdisciplinar, todavia, não parece ser tão bem sucedida assim na tentativa de romper com os universais. Afinal, aperfeiçoar algo (como ela pretende fazer através de suas bricolagens) é algo    que só se pode fazer tendo em mente um perfeito. Um perfeito que não é, todavia, real, senão ideal. Porque, então não haveria necessidade de aplicar isto a objetos, ou seja, trazer da mente – da ideia – para o real – histórico –. Que não deixa de ser uma maneira de então procurar se libertar das imperfeições da matéria, ou seja, é um desprezo a ela e uma valorização do ideal. Esta dicotomização doentia pode chegar às catástrofes similares as da Idade Média, ali por causa do desprezo ao corpo colocava-se um sinto de castidade em mulheres e criados. Condenavam-se à prisão mulheres orgásticas, e também homens que fossem “fãs” de sexo. Aqui, no nosso tempo, pode ser que nos suceda que por causa do desprezo ao nosso corpo escravizemos outros, lhes façamos anátema na sociedade para que se tornem então meramente cobaias para os nossos sonhos de não mais sofrer ou morrer. Nesta perspectiva, muito pode contribuir a visão cristã da Criação que nos ensina o quanto a Criação de Deus é boa (Gn. 1, 31), e como que nela se manifesta a glória divina (Sl. 19; Rm. 1, 20): Se ele nos confia os seus cuidados é sim para que possamos usufruir ao nosso proveito. Visando sempre, no entanto o bem do próximo e o amor a Deus. Ou seja, devemos preservar também a Criação, já que sua destruição é destruição do presente de Deus e prejuízo também para o nosso próximo e nós mesmos que pertencemos à ordem da criação.

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