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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Viver ou Sonhar?




Não poucas pessoas em nossos tempos sonham mais do que vivem, porque ao invés de serem felizes no hoje, no agora, com aquilo que têm, postergam a felicidade para um dia, para o dia da felicidade, em que terão isto, aquilo, e assim acabam deixando de também viver durante toda a sua vida.

Um dos motivos que levam o ser humano a postergar a vida é algo que já de longa data ilude a humanidade: “O ter”. As pessoas colocam o motivo de sua alegria, de seu prazer naquilo possuem, ou naquilo que não possuem e querem possuir, o problema da felicidade buscada assim, porém, é que nunca satisfaz quem a busca.

Diz um trecho de Eclesiastes que quem ama o dinheiro jamais ficará satisfeito, e em outro lugar das Escrituras, em Provérbios, é dito que: “A sanguessuga tem duas filhas, a saber: dá e dá”. Ou seja, estes trechos nos ensinam que a ambição humana não tem fim, o desejo de ter nunca se basta, porque quanto mais se tem mais se quer ter, e isto acontece porque a princípio o ter é prazeroso, mas logo o objeto conquistado torna-se uma monotonia amais da vida que remete outra vez ao tédio, o remédio então é ter novamente, ter outra coisa, mas o ciclo se repetirá e o que se tem é na verdade um ciclo vicioso. O ser humano fica preso então na expectativa de um dia ter, um dia, ser feliz, um dia, viver.

Contemporaneamente, o potencial da ambição humana é explorado pelo Marketing, as propagandas que incitam as pessoas a comprarem coisas para que então possam ter suas vidas completas, para que possam então ser felizes. O problema é que a maioria da população não pode ter muito do que é oferecido, resta-lhes então o sonho, de um dia ter, a vida então se torna um ideal, deixa de ser real, porque o ter, quando tiver, será em fim aquela vida ideal. Contudo, com já falamos em outras palavras, nunca se terá o suficiente para ser feliz.

Isto leva as pessoas a já não amarem o que são, mas amarem aquilo que os garotos e as garotas propagandas são: belos e felizes. As pessoas lutam então contra seu atual estado acreditando que o ter vai de alguma forma vai alterar sua essência. Isto fica claro quando um jovem ao invés de dizer: “Quero ter bastante dinheiro”, diz: “Eu quero ser milionário”, a diferença sutil está em que no segundo caso o que se expressa não é meramente o desejo de ter, mas de ser. E porque ser aquilo e não o que já se é? Porque imagina-ser a felicidade na forma de ser “milionário” porque ele pode ter tudo o que quer.

E neste contexto é que viver se torna algo indesejável, perigoso, porque é decepcionante, a vida como é está inaceitável, precisa ser moldada conforme os sonhos. O problema, porém, é que o ideal jamais ocorrerá. E neste contexto então o necessário é aceitar a vida como ela é, e aprender a ver a felicidade nos cantos aonde antes se pensava que ela não estava, é necessário aprender a ver a felicidade mesmo no pouco. É claro, isto é difícil, mas sendo infelizes no pouco no muito não estaremos melhores. É necessário sermos felizes por aquilo que somos ao invés de por aquilo que temos, e na verdade, só teremos condições de encontrarmos felicidade em quem somos, quando enfim estivermos em Cristo.

O seu sangue vai cobrir nossas deficiências, e quando olharmos para aquilo que somos seremos então capazes de vermos Cristo, Jesus Cristo em nós, e dia após dia, seu rosto resplandece sobre o nosso, sim, o homem que está em Cristo é capaz de ser feliz com aquilo que é, e de amar aquilo que é, e de viver a realidade. Porque a motivação da felicidade não é algo instável como o ter, mas a presença de Cristo em nós, e esta nunca nos abandonará, esta é que se torna a realidade. Em Cristo somos capazes de sonhar, com bens matérias, e até mesmo, com um dia melhor, mas de forma equilibrada, o presente, a realidade, logo se torna algo desejável para nós, porque ai é que Ele se relaciona conosco, mostrando o cuidado, revelando o seu amor, e nos tornando à sua imagem e semelhança dia após dia. Jesus Cristo nos torna capazes de viver e sonhar.



Edgar Parreira França.

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