Solidão, quão belos são teus braços,
São fortes e, contudo, delicados,
teu abraço é então apertado,
confortável e gelado.
Envolvestes minh'alma,
e minha paixão agora já te ama.
Ah! Solidão, lembra de quando eu te conheci?
Eu era menino, e ali já estavas,
em tua pedofilia me aliciavas
nos corredores da escola.
Me desesperava, queria te mandar embora.
Eu então rodei, rodei e rodei,
outra companhia eu busquei,
e por vezes até que eu encontrei.
Mas as pessoas sempre se vão,
e o que me resta és tu, ó Solidão!
E quando via que eras sempre quem me acompanhavas,
mais ainda eu me desesperava, mas nem sempre podia fugir.
Por um tempo tive de estar, sem querer ficar,
em tua companhia e assim, teu frio me feria.
Decidi então contigo dialogar,
encarei-te em teu olhar profundo, carente, gelado,
e contudo, muito sábio.
Oh! Solidão, quem, como tu, saberá conversar?
Se teus braços são fortes e gelados, tuas palavras são incrívelmente envolventes.
Solidão, não quero mais te deixar,
Solidão, venha, vamos prosear.
Edgar Parreira França
"É a solidão que inspira os poetas, cria os artistas e anima o génio."
ResponderExcluirHenri Lacordaire